sábado, 22 de dezembro de 2007

comida em cápsulas...


Pego-me às vezes - quase que sempre - pensando em como as coisas seriam diferentes se acomida que comessemos fosse em cápsulas... como idealizamos a comida dos astronautas.
Acabei de definir na minha cabeça que essa será a semana da desintoxicação depois de umas 3 semanas de pura toxicidade em Floripa...
Se a comida viesse em cápsulas, comeríamos menos por prazer e mais por necessidade. . .
Pra que diabos eu to pensando nisso? k-ralho, tem horas que até eume surpreendo comigo mesmo.
Como nas horas em que percebo que estou em Franca há menos de 1 dia e já sinto falta da praia, do azul do mar, do sal... "sobra tanta falta".
Vou então ouvir músicas... ler livros... ver filmes. Curtir, enfim, a vida que eu um dia chamei de minha!
***
Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros lá ao longe". O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu amei-a e por vezes ela também me amou. Em noites como esta tive-a em meus braços. Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava. Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela. E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la. A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços, a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa, e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda

Pablo Neruda
Não é Pessoa, mas... é tão grande quanto.
bjs, Peu

Um comentário:

assinado eu disse...

que bom que a gente não come em cápsulas!
gostei do pablo neruda, nunca tinha lido.. saudades já :(