segunda-feira, 31 de maio de 2010

Penso, logo, estou fora do sistema.

Abandonei a escrita nos últimos tempos. Talvez porque o sistema me leve a escrever sobre o que ele quer e não sobre o que eu quero.
Falando em “ser levado a”, já faz um tempo que venho – na minha humilde ignorância – avaliando a postura e o WAY OF LIFE de alguns professores e, hoje, tive a clara imagem da decepção. É ruim.
As 8 da manhã, me sentei na sala de aula aguardando a professora que chegou, “pontualmente”, ás 8:30, sendo que a aula começava as 8. Ela, que sempre prega a falta de respeito que é chegar atrasado a algo. Em um contingente de 13 alunos, ela, sem se desculpar, começa a aula, pela chamada. Ela nem olha para o aluno ou vê se o mesmo está respondendo por outros. Eu fiz o teste, respondendo por mim, e depois, novamente, por um amigo que não estava. Nem um obstáculo.
Às 8:34, uma garota entra na sala, se desculpa e senta. Assiste toda a aula, fazendo anotações, perguntas e demonstrando interesse, MUITO mais interesse que eu, que cheguei 30 minutos antes que a professora, demonstrei – e senti. No final da aula, a pérola: A garota diz, professora, tive um problema com o ônibus, por isso me atrasei, podes me adicionar na chamada? E a professora, ríspida, diz: Eu já fiz a chamada, e só para quem estava presente, fiz pontualmente as 8:25, você tinha 5 minutos para lidar com o problema dos ônibus.
Será que só eu percebi quanto de demagogia e MENTIRA, havia nessa sentença proferida pela professora? – Fico quieto, afinal, quem é a autoridade? (...)
Muito bem, vou para a próxima aula. Dessa, eu já não espero nada. A professora indica entre 2 e 9 (hahaha) textos por aula. TODOS escritos por ela em que a ÚNICA referência bibliográfica é ela mesma. (Democrática, a vegetariana, Né?) Ok. OK! Revemos o plano de ensino pela quadragésima vez até que ela resolve por entregar as provas que fizemos na semana passada. 4 questões discursivas em que poderíamos consultar os textos (dela) para responder. Escrevi MUITO. E quando recebi a nota, 7.0. Fui olhar os comentários. Ela simplesmente ignorou os meus pontos de vista, cobrando exatamente as palavras dela sobre determinado assunto. Enfim. Concordo receber um X quando perguntam quanto é 2 +2 e eu respondo 9, mas receber um X quando a pergunta é sobre OPINIÕES SOBRE experimentação animal, visão holística X visão mecanicista, educação ambiental? Respiro fundo, não vou discutir. Desde que me entendo por gente, somos, por direito, seres portadores de opiniões, que podem ser iguais, parecidas ou diferentes das dos outros. Isso enriquece a tão defendida DISCUSSÃO. #FAIL total. Hora de ir almoçar.
Troco o almoço por compras na livros&livros no Centro de Eventos da UFSC (SUPER PROMOÇÃO, vale a pena conferir!!!!) lá, uma professora fazendo um pequeno discurso sobre o quanto é absurdo que vendam o livro dela por R$9,90 (ele custava R$24,90), afinal, por R$9,90 – palavras DELA – “que tipo de gentinha vai ter acesso a esse livro agora?”. ESTUDANTES, quem sabe... Seres pensantes que investem R$9,90 em um livro dela. R$9,90 que é mais do que o que muuuuuuuuuuuuita gente pode investir em um almoço. De novo, respirar fundo, não sou responsável pela ignorÂncia de ninguém.
Finalmente, 13:30, a ultima aula do dia, só até as 17h, eu agüento!
E daí, a ultima gota d’água, a cereja do Haagen Dazs, o pingo no ultimo “i”... _ Alunos, vamos nos organizar em 5 ou 6 e lutar por nosso direito de IR e VIR, vamos, de madrugada, queimar ônibus, lutar para que abaixem os preços, afinal, é o nosso direito.
A classe não se manifesta, e com isso, a desequilibrada se sente apoiada, e continua.
Eu achava um absurdo, mas eu também uso ônibus, vamos mostrar que esses preços estão absurdos, impeçam ruas, queimem ônibus, quebrem lojas, afinal, alguém tem que ser atingido para que aconteçam mudanças.
SOCORRO, sou eu apenas ouvindo isso?????? SOCORRO....
Desesperado, desabafo no TWITTER, e a loucura continua. Concordo com ela, as tarifas estão elevadas, o preço a se pagar é caro, mas, queimar ônibus? Quebrar lojas? Que tipo de manifestação é essa que mostra o posto do que se quer? Justiça? ... Sinto-me sem palavras para expressar a RIDICULEZ (com a permissão póstuma de Guimarães Rosa, vamos criar palavras).
É a mesma pessoa que há algumas semanas, discutiu fortemente comigo acerca das COTAS em Universidades Publicas. Lembro-me como se fosse hoje, do dedo levantado, como quem diz que eu PRECISO pensar da mesma forma que ela, e as palavras saindo disparadas, sem respirar: “São 500 anos de preconceito, Pedro! Eles merecem que paguemos por isso, cedendo vagas”. Sim professora, concordo que TODOS têm o mesmo direito, por isso, não me coloco contra as cotas para quem não teve acesso a um estudo de qualidade. MAS ISSO NÃO TEM NADA A VER COM A COR!!! E ela continua... PREGANDO a idéia de que somos todos responsáveis pelo preconceito contra negros. Mas não é fomentando esse preconceito com a entrega de vagas nas Universidades que pagaremos por 500 anos desse “pecado”. Todos temos as mesmas capacidades, o que difere são nossas oportunidades, - porque isso sim, é pessoal. Me mostre um negro de 500 anos, que eu dou a minha vaga para ele sem pestanejar. O preconceito é generalizado e não vai ser ultrapassado com pena e sim com exaltação da igualdade, inclusive a igualdade de lutar por algo como uma vaga em uma boa universidade. Há muita coisa errada no sistema.
Com tudo isso, me pego no dilema: REBATO ou não? Fico quieto ou falo? Falei... Pontuei, em voz baixa, meu ponto de vista sobre a “rebelião” ou a “revolução” que ela encomendava. PRA QUÊ??? Volta o dedo para minha cara. Agora sim, metade da sala resolveu concordar comigo. Por que cada um não defende o que pensa? Diversidade de opiniões enriquece uma nação e traz de volta ideais democráticos que justificam uma história de mais de 500 anos e que volta, com atitudes baixas, ao “planeta dos macacos”, macacos esses que, revelam mais consciência social em suas tribos do que muitos seres pensantes que fecham suas mentes para o que não concorda. Wilde já dizia sabiamente : “Se tens a cabeça fechada, mantenha também a boca”.
HARE BABA!
Melhor ir para academia do que atacar a geladeira.
FUI!